quarta-feira, 20 de março de 2013

CAPÍTULO IX


CAPÍTULO IX



As lojas de Nice deixaram Demi maravilhada. Marian tinha um escocês exilado que trabalhava como motorista e jardineiro da vila, e ele levou-as até a capital dos Alpes marítimos.

Demi já havia se desculpado por ter adormecido e deixado Nicky com ela por tanto tempo, mas Marian apenas lhe deu um largo sorriso, afirmando que não ficasse preocupada.

— Heloise vibra com as crianças, e Nicky já se tornou o menino dos olhos dela — disse a Demi, que havia notado por si só, durante o café da manhã, que isso era verdade.

Joe não apareceu para tomar café, e quando Marian disse que ele tinha ido nadar, e não voltaria antes que elas tivessem saído, Demi conseguiu relaxar e apreciar os croissants e a geleia de pêssego servido no café.

Na verdade, Marian estava errada. Demi ficou pasma quando elas estavam entrando no carro e Joe apareceu, beijando-lhe o pescoço antes de abraçá-Ia. Demi lembrou que Marian os observava, e ela então imaginou que aquele abraço era para seu próprio bem. A menos que ele já tivesse começado a procurar aquela mulher que acreditava existir dentro de Demi.



— O que você acha desse biquíni? — perguntou Marian, chamando a atenção de Demi para um minúsculo biquíni de seda verde-esmeralda amarrado dos lados.

— É escandaloso demais — disse Demi com sinceridade. — E o preço também.

Marian riu.

— Acho que vai lhe servir. Vamos entrar e experimentar para ver como fica em você.

Seria inútil dizer não, pois Marian parecia querer resolver tudo sozinha. O biquíni foi comprado, apesar dos protestos de Demi assim como dois shorts sumários e uma camiseta listrada de verde e branco.

— Você trouxe algo especial para a noite? — perguntou Marian, quando saíram da loja. — Joe está louco para levá-Ia a um dos cassinos. Durante o dia você pode usar qualquer roupa, mas à noite, e principalmente nos cassinos, todo mundo costuma ir muito chique e com trajes da última moda.

Demi tinha levado dois vestidos de algodão, seu maiô, calças jeans, algumas camisetas e um casaco para as noites mais frias, mas não havia pensado em outros detalhes. Entretanto, não queria gastar mais dinheiro consigo mesma e deixou isso bem claro.

Marian ficou espantada.

— Querida, eu adoraria gastar mais com você. Afinal, tenho mais que o suficiente para viver. Seu marido, porém, não é da mesma opinião e me deu instruções para mandar todas as contas para ele, sem deixar que você se preocupe com os preços, claro! São palavras dele, não minhas. Estou tão feliz por ele, Demi. Houve uma época em que pensei que nunca mais iria vê-Io sorrir. Eu fazia uma ideia errada de você. Deixe-o pagar tudo para você se isso lhe dá prazer, está bem? Você é uma pessoa de sorte! Há muitos maridos mesquinhos espalhados por aí...

Como Demi acabou por confessar que não tinha trazido nada especial para usar à noite, Marian a levou até uma pequena boutique.

A dona da loja estava elegantemente vestida de preto.

Marian lhe disse alguma coisa em francês.

— Muito bem, madame — disse ela num inglês carregado, depois de olhar para Demi. — A senhora deseja parecer uma grande dama ou uma coquette? Com esses olhos e cabelos tudo é possível!

— O que ela quer — interrompeu Marian — é um vestido bem romântico, para sair com o marido de quem estava separada há três anos.

Demi ia falar alguma coisa quando a vendedora arregalou os olhos e disse em francês:

— Querida, o que você quer é impossível! Você deseja recuperar em uma noite o tempo perdido?

Marian riu.

— E a senhora vai arrumar o vestido adequado, não é?

A vendedora também sorriu, e Demi ficou sem entender.

— Talvez. Sentem-se, por favor. Verei o que posso fazer.

Ela se afastou por uns quinze minutos e, durante esse tempo, Demi achou melhor ficar quieta. O silêncio durou pouco.

Marian disse calmamente:

— Se você quiser, nós podemos conversar mais tarde, Demi. Antes de sua chegada, eu disse a mim mesma que a aceitaria pelo bem de Joe, mas acho que já estou começando a gostar de você pelo que é. Tenho certeza de que...

Quando a porta se abriu, Marian interrompeu a frase.

Demi ficou maravilhada ao ver o vestido que a vendedora trazia. Era de tafetá preto, a saia tinha vários babados e a blusa era de renda trabalhada, muito delicada.

— Experimente — disse Marian, olhando para o rosto de Demi.

O tafetá roçava delicadamente sobre sua pele. A cor escura do vestido realçava a pele pálida e os cabelos loiros.

Quando ela saiu, hesitante, do provador para mostrá-Io, Marian ficou admirada.

— Querida! — exclamou ela. — Você está encantadora!

— Eu sugeriria um pente cravado de strass para prender seus cabelos — aconselhou a vendedora, puxando o cabelo de Demi para trás. — Ou então algumas flores de cetim.

Antes que Demi pudesse pensar no preço, o vestido já havia sido embrulhado, e elas estavam saindo da loja. Marian comentou:

— Minha querida, o vestido é lindíssimo e tenho certeza de que valerá cada centavo aos olhos de Joe. Você não está com receio de que ele fique zangado, não é?

O que realmente preocupava Demi eram as conclusões a que ele poderia chegar quando a visse usando aquele vestido.

— Acho que vou guardá-Io até a noite para fazer-lhe uma surpresa — disse, achando que talvez Marian fosse sugerir que Demi mostrasse todas as compras logo que chegassem à vila. Ao ver a expressão de desapontamento dela, Demi certificou-se de que suas suposições estavam certas. E o sentimento de culpa por decepcioná-Ia aumentou ainda mais quando Marian insistiu em comprar um conjunto para dar de presente a Nicky, e ela não permitiu.

— Você não sabe o que representou para eu conhecer Nicky — confidenciou-a quando já estavam voltando à vila. — Demi, Joe é o filho que nunca tive, e Nicky... Bem, ele é a miniatura de Joe, e vê-lo me fez recordar muitos momentos de felicidade.

— E receio que infelizes também — disse Demi, lembrando que Joe lhe contara que seus pais tinham morrido no mesmo acidente que o marido dela. — Você nunca pensou em se casar de novo? Pois devia ser muito jovem quando... — Mordeu os lábios, temendo que pudesse tocar em alguma ferida, mas Marian acariciou a mão dela e sorriu.

— Não se preocupe querida, você não está me aborrecendo. Eu tinha trinta e dois anos quando Gérard morreu. Mas já estávamos casados há oito e, apesar de não termos tido filhos, nossa união foi tão repleta de amor e felicidade que eu nunca consegui pensar em casar novamente. Acho que você pode compreender Demi... Quando se conhece o verdadeiro amor, é muito arriscado tentar substituÍ-lo. Quase sempre não se tem sorte. A felicidade que dividi com Gérard me manteve através de todos estes anos de viuvez. Eu tenho muitos amigos, tenho Joe e Héloise, e agora tenho você e Nicky, portanto ainda sou muito feliz!

A primeira pessoa que Demi viu quando saiu do carro foi Joe, que tomava sol deitado ao lado da piscina. A segunda foi uma morena cheia de curvas que estava passando bronzeador nas costas dele. O ciúme tomou conta de Demi, que ficou paralisada, enquanto Marian passou correndo por ela, exclamando com surpresa:

— Ashley, pensei que você estivesse em Paris!

A morena jogou mais bronzeador nas costas de Joe e espalhou-o com movimentos sensuais.

— Pois é eu não fui. Como senti muito calor e não tinha nada para fazer, lembrei-me de você e da sua piscina e resolvi me distrair um pouco — disse ela, com relutância.

— E eu que pensei que a atração fosse eu, hein? — brincou Joe, virando-se para poder olhar Demi.

Comparada com a garota francesa, com seu minúsculo biquíni vermelho, Demi se sentiu pálida e desajeitada. A blusa estava grudando nas costas e a saia de algodão de repente parecia infantil e antiquada. .

— Ashley, venha conhecer Demi, a esposa de Joe — disse Marian, e Demi percebeu que aquele tom de voz soou como um aviso para a outra. Será que Marian pensava que Ashley tentaria provocar Joe, e que ele, incapaz de resistir aos encantos, acabasse cedendo?

Mesmo que Ashley não tentasse flertar com seu marido, jamais poderiam ser amigas, decidiu Demi. A garota francesa parecia daquele tipo de mulher exibicionista e desinibida, capaz de fazer amor com qualquer um, e seus olhos brilharam quando Joe se levantou para estudar o rosto abalado de Demi.

— Espero que você tenha seguido minhas instruções — ele disse suavemente.

— Que é isso, chérie? — perguntou Ashley, provocante. — Que instruções você deu à sua esposa?

— Que ela comprasse um biquíni bem sexy — brincou Joe, deixando Demi mais sem graça.

Ashley mostrou-se espantada.

— Ao contrário de nós, franceses, os ingleses são muito puritanos, não? Imagine! Se eu fosse casada com um homem como você, a primeira coisa que eu dispensaria seria o biquíni. — Ashley riu. .

Demi sentiu-se ofendida. Ashley estava seduzindo Joe na frente dela, e ele, como todos os homens, estava completamente envolvido. Olhou-o com ressentimento, suspirando quando ele se virou para ela, compreensivo.

— Entretanto, veja Ashley, minha esposa sabe que eu gosto de descobrir sua beleza por mim mesmo, devagarinho, especialmente quando ela está tentadoramente vestida dos pés à cabeça para que eu possa explorá-Ia — acrescentou ele, pousando os olhos demoradamente nos quadris de Demi, como se a estivesse despindo mentalmente.

Demi ficou novamente corada. E nesse momento prometeu a si mesma jamais usar o biquíni verde na presença de Joe.








Ela sentiu-se aborrecida quando descobriu que Ashley iria ficar na vila.

— É bem típico dela convidar-se para ficar por aqui -comentou Marian enquanto almoçava com Demi. Comiam pão fresco com patê feito em casa, quando Nicky se sentou entre elas para tomar um lanche. Ashley convenceu Joe a acompanhá-Ia até Nice para fazer algumas compras e, apesar de Marian ter sugerido que François, o jardineiro e motorista, a levasse, a garota insistiu dizendo que preferia ir com Joe.

— Você não se importa em me emprestar seu marido por algumas horas, não é? — perguntou Ashley a Demi. — Afinal, nós somos amigos íntimos há tanto tempo! Além disso, Joe me disse que você passa a maior parte do tempo cuidando de Nicky... Para dizer a verdade, acho as crianças maçantes.

Amigos íntimos! Sem dúvida ela quisera dizer amantes, pensou Demi com amargura. Joe haveria se queixado dela para Ashley?

O sol estava quente, e Demi levou Nicky para dentro.

Ele contou-lhe, animadíssimo, que o pai o estava ensinando a nadar. Demi procurou prestar atenção, porém estava distante e só conseguia pensar em Joe e Ashley juntos.

Quando Nicky subiu para dormir, ela foi procurar Marian, mas Héloise disse-lhe que ela costumava descansar à tarde.

— Ashley sabe disso — disse Héloise com firmeza. — É por isso que você está aí sozinha enquanto aquela leviana tenta roubar seu marido!

— Eu não me importo — disse Demi sem convicção. Acho que vou tomar um pouco de sol. A cor de Ashley me deixou com inveja.

— Sua pele é muito clara e delicada e, se não tomar cuidado, poderá se queimar seriamente — preveniu Héloise.

Aceitando o conselho, Demi pegou um bronzeador e colocou seu maiô preto. Levou também uma saída de banho para cobrir-se se fosse necessário.

Ela passou o bronzeador pelo corpo e deitou-se de costas, tentando relaxar. Pouco depois já estava dormindo.

O toque suave de alguém mexendo em seus ombros a acordou, e ela olhou sonolenta para Joe.

— Onde está Ashley? — perguntou, procurando pela francesa.

— Ela ainda está fazendo compras — respondeu Joe, com um tom seco. — Eu me cansei e vim embora. Quando ela terminar, telefonará para que François vá buscá-Ia. Eu preferi voltar para ver a minha linda esposa.

— Pare! — gritou Demi. — Só nós dois estamos aqui e não há necessidade de encenação romântica.

Ele brincava com a alça do maiô, e ela se afastou irritada, olhando-o furiosamente quando Joe recomeçou a falar:

— O que é isso? Alguma relíquia da época de estudante? Eu não lhe disse para comprar algo mais moderno?

— O problema é meu se não quero me expor como sua "amiguinha íntima" Ashley.

— É o que veremos!

Antes que ela pudesse adivinhar as intenções dele, Joe pegou-a no colo, ignorando seus protestos. Levou-a para o quarto, onde a colocou na cama e segurou-a com um braço, enquanto com o outro remexia nas compras que ela deixara sobre a cama. Ele deu um sorriso irônico quando viu um pacote, onde deveria estar o biquíni.

— Se não me engano, acho que aqui vou encontrar o que procuro. Tia Marian deve ter seguido minhas instruções mesmo contra a sua vontade.

Ele deu um sorriso de satisfação quando pegou o minúsculo biquíni e isso deixou Demi furiosa.

— O que pretende fazer? Você está querendo me transformar numa mulher vulgar?

Ela deveria ter mordido a língua quando disse isso; entretanto, em vez de ficar zangado, Joe observou-a com sarcasmo.

— Isso nunca, querida. O que pretendo fazer, querida puritana, é transformá-Ia numa mulher quente, vívida e adorável, que não se envergonhe de sua sexualidade nem da minha apreciação.

Por um momento ele correu os olhos pelo corpo dela e Demi tremeu quando Joe levantou-a, colocando-lhe o biquíni nas mãos, antes de abrir a porta do banheiro.

— Você tem cinco minutos, enquanto eu fico de costas, para colocar esse biquíni! Depois disso, se não estiver com ele, eu mesmo o colocarei em você e garanto que vou adorar o passatempo.

Ela demorou quatro minutos e, quando estava pronta, pensou que não conseguiria encarar Joe com aquela peça minúscula e sexy.

— Muito bem — disse ele, caminhando em direção à porta. — Ótimo! — Novamente mediu-a de cima a baixo, aprovando o corpo esbelto. — Este também tem laços!

— Não se atreva! — exclamou Demi, com ansiedade, recuando.

Ela não queria se olhar no espelho quando entrou no quarto, porque já sabia que o biquíni era sumário demais.

Eles foram para o sol, e Demi deitou-se de costas, fechando os olhos, decidida a ignorar o barulho da calça e da camisa de Ken sendo jogadas no chão a seu lado.

— Você passa o bronzeador nas minhas costas? —perguntou ele.

Demi se virou e respondeu:

— Se você insiste, embora ache que não consiga fazê-lo com a mesma habilidade que Ashley.

— Com ciúme?

— Claro que não! — Ela colocou o creme na palma das mãos e massageou com firmeza as costas bronzeadas de Joe, tentando não ficar excitada quando os músculos dele relaxavam sob seu toque.

— Hum... Agora nas minhas pernas — murmurou Joe.

Ela quis recusar, mas, em vez disso, colocou o creme sobre as pernas de Joe, esfregando com mais força: Sabia que a intenção dele era perturbá-Ia com a visão daquele corpo másculo, e o pior de tudo é que estava conseguindo. Demi, porém, estava determinada a não demonstrar qualquer reação.

— O resto você pode fazer sozinho — disse ela, tampando o pote.

Quando ele se levantou da espreguiçadeira e se deitou ao lado dela, Demi começou a tremer.

— Um pouco forte demais, mas muito agradável. E agora, querida, é a sua vez!

Como seria inútil protestar, ela nem tentou, procurando ficar calma enquanto as mãos dele corriam pelo seu corpo.

Apenas uma vez, quando os dedos se aproximaram dos laços provocantes que prendiam o biquíni, Demi se moveu, mas Joe a ignorou e continuou:

— Aqui não — disse ele, quando ela o olhou. — Esse é um prazer que quero reservar para mais tarde...

— Não haverá mais tarde! E por favor, pare de me machucar!

— Machucá-Ia? Pelo amor de Deus, Demi, às vezes você me provoca, mas desta vez vou tentar ignorar.

— Uma briga de amantes! — exclamou Ashley.

Nenhum dos dois ouvira Ashley se aproximar. Ela olhou docemente para Joe, embora não conseguisse esconder a raiva quando percebeu o corpo bem-feito de Demi.

— Esta noite você precisa me levar ao cassino, chéri—pediu ela a Joe. — Sinto que hoje é meu dia de sorte!

— Então iremos ao cassino — concordou Joe. — E levaremos Marian conosco.

Ashley ficou emburrada.

— Tia Marian não gosta de cassinos.

— E acho melhor não contar comigo — disse Demi descuidadamente. — Nicky...

— Ele ficará muito bem com Héloise — Joe falou, suave.

— Realmente, chéri! — interferiu Ashley com rispidez. — As inglesas são estranhas! Eu jamais largaria meu marido por causa de um garoto!

— Nem mesmo quando esse garotinho é filho de seu marido? — perguntou Demi calmamente e com um frio desprezo. — Por favor, me desculpem. Nicky deve estar acordado e não quero que se sinta sozinho. Ele pode ficar assustado.

Por um momento, ela pensou ver aprovação no olhar de Joe, mas logo ele se virou para Louise, admirando-a. O que ele estava tentando fazer? Provar que achava Ashley uma bonita mulher? Demi disse a si mesma que não se importava, mas não era verdade; ela estava sofrendo, e muito.



Demi vestiu-se sem entusiasmo, olhando insegura para o seu reflexo no espelho. Quando ela resolveu tirar o vestido preto, Joe entrou no quarto.

— Não me diga que foi você quem escolheu! — exclamou ele, com um sorriso.

Cheio de incerteza, Joe passou os dedos pelas flores de cetim que ela havia colocado nos cabelos.

— Você não gostou? .

Ele a estudou criticamente antes de responder:

— Acho que qualquer homem adoraria.

O corpete fino moldava o busto. O tecido preto ficava perfeito sobre a pele clara de Demi, e a cintura delgada destacava-se pela saia rodada. .

— Eu ia ler um pouco para Nicky — disse ela, nervosa, enquanto ele não desviava os olhos de seu corpo.

— Nicky tem sorte! Espere por mim, vou trocar de roupa e poderemos descer juntos para o jantar.

Nicky arregalou os olhos quando a viu, e Demi riu quando ele gostou do perfume que ela estava usando. Um dia ele seria tão másculo quanto o pai e admiraria as mulheres bonitas, assim como Joe.

Nicky tinha acabado de dormir quando Joe entrou no quarto. Ele estava vestido com traje a rigor, a calça preta e justa fazendo com que parecesse mais alto, e a camisa branca e o paletó dando-lhe um toque de elegância indiscutível. Ele beijou o filho, que o abraçou mesmo sonolento.

Nicky agora tinha um pai, e era impossível negar o grande amor que um sentia pelo outro. Todas as frases que Nicky dizia pareciam começar com as palavras "Papai disse". Seria fácil ficar com ciúme, admitiu Demi, mas sentia-se aliviada ao ver que algo de bom tinha surgido desse frustrado casamento.

Ao ver Demi, Ashley fez uma expressão que denotou inveja. Ela estava usando um vestido vermelho de cetim, que salientava suas curvas sensuais.

Como eles iam sair, Héloise preparou apenas uma refeição leve. Estava deliciosa, e Demi tomou dois copos de vinho antes de perceber que a haviam servido novamente. Não fiz bem em beber, refletiu ela um pouco tonta ao se dirigir para o carro. Marian insistiu para que Ashley a acompanhasse em outro carro, deixando Demi e Joe sozinhos.

Quando desceram pelo Grande Comiche, a cidade brilhava abaixo deles, o azul-escuro do Mediterrâneo decorado com iates caríssimos que eram adornados com luzes multicoloridas.

Joe estacionou junto ao porto, e eles passaram pelo brilhante conjunto de embarcações antes de se afastarem da costa. Ele pegou' o braço de Demi para conduzi-Ia pela rua. O leve contato provocou-lhe desejos loucos e difíceis de serem sufocados.

O cassino estava barulhento e cheio de gente. Demi olhou as mesas com espanto e aterrorizada só de pensar que alguém pudesse perder grandes somas com tanto sangue-frio.

Ashley sorriu para ela com ar de superioridade. Ela e Marian estavam esperando pelos dois no salão de recepção e, logo que entraram, Marian foi vista por um grupo de velhos amigos que ficaram felizes em encontrá-Ia e ansiosos para que ficasse na companhia deles.

— Você vai dançar comigo, não vai? — pediu Ashley a Joe. — Nós sempre dançamos tão bem juntos... Como tudo o que fazemos... Que sintonia perfeita, hein?

— Você está esquecendo que agora sou casado e devo dançar apenas com minha esposa — disse Joe secamente.

Ele comprou um monte de fichas e deu algumas para Demi. Ela seguiu as instruções dele cuidadosamente, mas logo a pequena pilha desapareceu.

— Você não é uma boa jogadora — comentou Ashley, com desdém. — Deveria ter apostado tudo num único número.

— Demi é muito equilibrada para jogar tudo ou nada. — Seu sorriso zombeteiro feriu Demi profundamente. — Mas estou tentando ensiná-Ia, pacientemente...

Demi queria beber alguma coisa e, quando Joe se voltou para chamar um garçom, eles foram separados pela multidão animada. Uma sensação de pânico apoderou-se de Demi quando ela o procurou ansiosamente; as pessoas pareciam pressioná-Ia tanto que ela chegou a sentir-se sufocada.

Finalmente pôde ver Joe. Ele estava de costas para ela, com Ashley nos braços.

Quando ela conseguiu alcançá-Ios, o sorriso da morena era triunfante.

— Eu quase caí, e Joe precisou me segurar, o que ele fez com muita elegância — acrescentou ela, beijando Joe levemente nos lábios.

Algo explodiu dentro de Demi. Ela quase tinha sido esmagada pela multidão, e Joe preocupou-se somente em evitar que Ashley caísse!

— Está muito abafado aqui dentro — disse ela friamente.

— Vou sair para tomar um pouco de ar. Encontrarei com você no carro quando estiver pronto para irmos embora, Joe.

Demi saiu antes que qualquer um dos dois tivesse tempo de falar.

Ela tentava conter as lágrimas com as mãos, procurando respirar fundo aquele ar fresco e ouvindo o mar. Tinha acabado de atravessar a rua quando Joe a segurou pelo braço.

— O que está acontecendo com você? — perguntou, com raiva. — Sua tola! Nem mesmo olhou para atravessar a rua!

— Talvez eu esteja cansada de olhar — disse Demi, furiosa. — Especialmente para você e Ashley. Por que você não volta para ela? Tenho certeza de que ela conseguirá satisfazê-Io melhor do que eu em todos os sentidos...

— Você está esquecendo apenas de que não foi ela quem gerou meu filho — disse Joe suavemente.

— E é essa a única razão por termos casado! Desejo que você se lembre disso e pare de me atormentar com esse amor fictício. Procure Ashley, vamos! Tenho certeza de que ela ficará muito grata e satisfeita.

— Sei disso. Porém já tracei minha meta e não quero desistir dela antes de alcançá-Ia.

Eles estavam perto do carro, e Joe abriu a porta. Demi entrou, ignorando-o e amarrando o cinto de segurança.

A estrada íngreme conduzia para fora da cidade, deixando o mar embaixo. O caminho estava deserto, e Joe de repente parou o carro.

— O que você está fazendo? — perguntou Demi, com frieza, quando ele se aproximou.

Joe a abraçou, sufocando-a com violência. Depois, com a voz muito seca, murmurou enigmaticamente:

— Apenas colocando em prática uma pequena teoria.

Os lábios dela se abriram com irritação, tremendo sob a forte pressão daquela boca úmida. Mas Joe queria sentir toda a doçura daquele beijo. Algo havia abalado o autocontrole de Demi. A cena do cassino a tinha deixado insegura e desprotegida, e ela desejava ardentemente colocar os dedos entre os cabelos dele e pedir-lhe que a levasse a um lugar onde nada existisse além dos dois, onde pudesse esquecer que Joe realmente não a amava.

O beijo tomou-se mais apaixonado, e ela suspirou, empurrando-o subitamente ao lembrar como ele havia segurado Ashley.

Joe a deixou e ligou o motor do carro. Demi não conseguia decifrar a expressão que havia no rosto dele. Ela mesma estava desapontada? Recusava-se a pensar nessa possibilidade! Era degradante querer ser possuída por um homem que procurava apenas satisfazer os próprios instintos animais. Além disso, talvez Ashley já o houvesse satisfeito plenamente.

Demi mal percebia o esplendor do ambiente. Eles estavam voltando para a vila sozinhos e agora, embora fosse tarde, ela lamentava não ter esperado pelas duas outras mulheres.

Joe brinca comigo o tempo todo, pensou com tristeza, e talvez coloque em prática as ameaças só pelo prazer de me punir.

Na noite passada, após terem feito amor, ela havia adormecido imediatamente; naquela noite, porém, deitada ao lado dele, ciente daquela presença perturbadora, tinha certeza de que não conseguiria conciliar o sono...

2 comentários:

  1. meu deus se voce nao postar hoje gatinha eu te mato ahaha perfeito o capitulo!!

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  2. WOW... perfeito... cada vez mais emocionante... posta logo ok

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