CAPÍTULO IX
As lojas de Nice deixaram Demi maravilhada. Marian tinha um
escocês exilado que trabalhava como motorista e jardineiro da vila, e ele
levou-as até a capital dos Alpes marítimos.
Demi já havia se desculpado por ter adormecido e deixado
Nicky com ela por tanto tempo, mas Marian apenas lhe deu um largo sorriso,
afirmando que não ficasse preocupada.
— Heloise vibra com as crianças, e Nicky já se tornou o
menino dos olhos dela — disse a Demi, que havia notado por si só, durante o
café da manhã, que isso era verdade.
Joe não apareceu para tomar café, e quando Marian disse que
ele tinha ido nadar, e não voltaria antes que elas tivessem saído, Demi
conseguiu relaxar e apreciar os croissants e a geleia de pêssego servido no
café.
Na verdade, Marian estava errada. Demi ficou pasma quando
elas estavam entrando no carro e Joe apareceu, beijando-lhe o pescoço antes de
abraçá-Ia. Demi lembrou que Marian os observava, e ela então imaginou que
aquele abraço era para seu próprio bem. A menos que ele já tivesse começado a
procurar aquela mulher que acreditava existir dentro de Demi.
— O que você acha desse biquíni? — perguntou Marian,
chamando a atenção de Demi para um minúsculo biquíni de seda verde-esmeralda
amarrado dos lados.
— É escandaloso demais — disse Demi com sinceridade. — E o
preço também.
Marian riu.
— Acho que vai lhe servir. Vamos entrar e experimentar para
ver como fica em você.
Seria inútil dizer não, pois Marian parecia querer resolver
tudo sozinha. O biquíni foi comprado, apesar dos protestos de Demi assim como
dois shorts sumários e uma camiseta listrada de verde e branco.
— Você trouxe algo especial para a noite? — perguntou
Marian, quando saíram da loja. — Joe está louco para levá-Ia a um dos cassinos.
Durante o dia você pode usar qualquer roupa, mas à noite, e principalmente nos
cassinos, todo mundo costuma ir muito chique e com trajes da última moda.
Demi tinha levado dois vestidos de algodão, seu maiô, calças
jeans, algumas camisetas e um casaco para as noites mais frias, mas não havia
pensado em outros detalhes. Entretanto, não queria gastar mais dinheiro consigo
mesma e deixou isso bem claro.
Marian ficou espantada.
— Querida, eu adoraria gastar mais com você. Afinal, tenho
mais que o suficiente para viver. Seu marido, porém, não é da mesma opinião e
me deu instruções para mandar todas as contas para ele, sem deixar que você se
preocupe com os preços, claro! São palavras dele, não minhas. Estou tão feliz
por ele, Demi. Houve uma época em que pensei que nunca mais iria vê-Io sorrir.
Eu fazia uma ideia errada de você. Deixe-o pagar tudo para você se isso lhe dá
prazer, está bem? Você é uma pessoa de sorte! Há muitos maridos mesquinhos
espalhados por aí...
Como Demi acabou por confessar que não tinha trazido nada
especial para usar à noite, Marian a levou até uma pequena boutique.
A dona da loja estava elegantemente vestida de preto.
Marian lhe disse alguma coisa em francês.
— Muito bem, madame — disse ela num inglês carregado, depois
de olhar para Demi. — A senhora deseja parecer uma grande dama ou uma coquette?
Com esses olhos e cabelos tudo é possível!
— O que ela quer — interrompeu Marian — é um vestido bem
romântico, para sair com o marido de quem estava separada há três anos.
Demi ia falar alguma coisa quando a vendedora arregalou os
olhos e disse em francês:
— Querida, o que você quer é impossível! Você deseja
recuperar em uma noite o tempo perdido?
Marian riu.
— E a senhora vai arrumar o vestido adequado, não é?
A vendedora também sorriu, e Demi ficou sem entender.
— Talvez. Sentem-se, por favor. Verei o que posso fazer.
Ela se afastou por uns quinze minutos e, durante esse tempo,
Demi achou melhor ficar quieta. O silêncio durou pouco.
Marian disse calmamente:
— Se você quiser, nós podemos conversar mais tarde, Demi.
Antes de sua chegada, eu disse a mim mesma que a aceitaria pelo bem de Joe, mas
acho que já estou começando a gostar de você pelo que é. Tenho certeza de
que...
Quando a porta se abriu, Marian interrompeu a frase.
Demi ficou maravilhada ao ver o vestido que a vendedora
trazia. Era de tafetá preto, a saia tinha vários babados e a blusa era de renda
trabalhada, muito delicada.
— Experimente — disse Marian, olhando para o rosto de Demi.
O tafetá roçava delicadamente sobre sua pele. A cor escura
do vestido realçava a pele pálida e os cabelos loiros.
Quando ela saiu, hesitante, do provador para mostrá-Io,
Marian ficou admirada.
— Querida! — exclamou ela. — Você está encantadora!
— Eu sugeriria um pente cravado de strass para prender seus
cabelos — aconselhou a vendedora, puxando o cabelo de Demi para trás. — Ou
então algumas flores de cetim.
Antes que Demi pudesse pensar no preço, o vestido já havia
sido embrulhado, e elas estavam saindo da loja. Marian comentou:
— Minha querida, o vestido é lindíssimo e tenho certeza de
que valerá cada centavo aos olhos de Joe. Você não está com receio de que ele
fique zangado, não é?
O que realmente preocupava Demi eram as conclusões a que ele
poderia chegar quando a visse usando aquele vestido.
— Acho que vou guardá-Io até a noite para fazer-lhe uma
surpresa — disse, achando que talvez Marian fosse sugerir que Demi mostrasse
todas as compras logo que chegassem à vila. Ao ver a expressão de
desapontamento dela, Demi certificou-se de que suas suposições estavam certas.
E o sentimento de culpa por decepcioná-Ia aumentou ainda mais quando Marian
insistiu em comprar um conjunto para dar de presente a Nicky, e ela não
permitiu.
— Você não sabe o que representou para eu conhecer Nicky —
confidenciou-a quando já estavam voltando à vila. — Demi, Joe é o filho que
nunca tive, e Nicky... Bem, ele é a miniatura de Joe, e vê-lo me fez recordar
muitos momentos de felicidade.
— E receio que infelizes também — disse Demi, lembrando que
Joe lhe contara que seus pais tinham morrido no mesmo acidente que o marido
dela. — Você nunca pensou em se casar de novo? Pois devia ser muito jovem
quando... — Mordeu os lábios, temendo que pudesse tocar em alguma ferida, mas
Marian acariciou a mão dela e sorriu.
— Não se preocupe querida, você não está me aborrecendo. Eu
tinha trinta e dois anos quando Gérard morreu. Mas já estávamos casados há oito
e, apesar de não termos tido filhos, nossa união foi tão repleta de amor e
felicidade que eu nunca consegui pensar em casar novamente. Acho que você pode
compreender Demi... Quando se conhece o verdadeiro amor, é muito arriscado
tentar substituÍ-lo. Quase sempre não se tem sorte. A felicidade que dividi com
Gérard me manteve através de todos estes anos de viuvez. Eu tenho muitos
amigos, tenho Joe e Héloise, e agora tenho você e Nicky, portanto ainda sou
muito feliz!
A primeira pessoa que Demi viu quando saiu do carro foi Joe,
que tomava sol deitado ao lado da piscina. A segunda foi uma morena cheia de
curvas que estava passando bronzeador nas costas dele. O ciúme tomou conta de
Demi, que ficou paralisada, enquanto Marian passou correndo por ela, exclamando
com surpresa:
— Ashley, pensei que você estivesse em Paris!
A morena jogou mais bronzeador nas costas de Joe e
espalhou-o com movimentos sensuais.
— Pois é eu não fui. Como senti muito calor e não tinha nada
para fazer, lembrei-me de você e da sua piscina e resolvi me distrair um pouco
— disse ela, com relutância.
— E eu que pensei que a atração fosse eu, hein? — brincou
Joe, virando-se para poder olhar Demi.
Comparada com a garota francesa, com seu minúsculo biquíni
vermelho, Demi se sentiu pálida e desajeitada. A blusa estava grudando nas
costas e a saia de algodão de repente parecia infantil e antiquada. .
— Ashley, venha conhecer Demi, a esposa de Joe — disse
Marian, e Demi percebeu que aquele tom de voz soou como um aviso para a outra.
Será que Marian pensava que Ashley tentaria provocar Joe, e que ele, incapaz de
resistir aos encantos, acabasse cedendo?
Mesmo que Ashley não tentasse flertar com seu marido, jamais
poderiam ser amigas, decidiu Demi. A garota francesa parecia daquele tipo de
mulher exibicionista e desinibida, capaz de fazer amor com qualquer um, e seus
olhos brilharam quando Joe se levantou para estudar o rosto abalado de Demi.
— Espero que você tenha seguido minhas instruções — ele
disse suavemente.
— Que é isso, chérie? — perguntou Ashley, provocante. — Que
instruções você deu à sua esposa?
— Que ela comprasse um biquíni bem sexy — brincou Joe,
deixando Demi mais sem graça.
Ashley mostrou-se espantada.
— Ao contrário de nós, franceses, os ingleses são muito
puritanos, não? Imagine! Se eu fosse casada com um homem como você, a primeira
coisa que eu dispensaria seria o biquíni. — Ashley riu. .
Demi sentiu-se ofendida. Ashley estava seduzindo Joe na
frente dela, e ele, como todos os homens, estava completamente envolvido.
Olhou-o com ressentimento, suspirando quando ele se virou para ela,
compreensivo.
— Entretanto, veja Ashley, minha esposa sabe que eu gosto de
descobrir sua beleza por mim mesmo, devagarinho, especialmente quando ela está
tentadoramente vestida dos pés à cabeça para que eu possa explorá-Ia —
acrescentou ele, pousando os olhos demoradamente nos quadris de Demi, como se a
estivesse despindo mentalmente.
Demi ficou novamente corada. E nesse momento prometeu a si
mesma jamais usar o biquíni verde na presença de Joe.
Ela sentiu-se aborrecida quando descobriu que Ashley iria
ficar na vila.
— É bem típico dela convidar-se para ficar por aqui
-comentou Marian enquanto almoçava com Demi. Comiam pão fresco com patê feito
em casa, quando Nicky se sentou entre elas para tomar um lanche. Ashley
convenceu Joe a acompanhá-Ia até Nice para fazer algumas compras e, apesar de
Marian ter sugerido que François, o jardineiro e motorista, a levasse, a garota
insistiu dizendo que preferia ir com Joe.
— Você não se importa em me emprestar seu marido por algumas
horas, não é? — perguntou Ashley a Demi. — Afinal, nós somos amigos íntimos há
tanto tempo! Além disso, Joe me disse que você passa a maior parte do tempo
cuidando de Nicky... Para dizer a verdade, acho as crianças maçantes.
Amigos íntimos! Sem dúvida ela quisera dizer amantes, pensou
Demi com amargura. Joe haveria se queixado dela para Ashley?
O sol estava quente, e Demi levou Nicky para dentro.
Ele contou-lhe, animadíssimo, que o pai o estava ensinando a
nadar. Demi procurou prestar atenção, porém estava distante e só conseguia
pensar em Joe e Ashley juntos.
Quando Nicky subiu para dormir, ela foi procurar Marian, mas
Héloise disse-lhe que ela costumava descansar à tarde.
— Ashley sabe disso — disse Héloise com firmeza. — É por
isso que você está aí sozinha enquanto aquela leviana tenta roubar seu marido!
— Eu não me importo — disse Demi sem convicção. Acho que vou
tomar um pouco de sol. A cor de Ashley me deixou com inveja.
— Sua pele é muito clara e delicada e, se não tomar cuidado,
poderá se queimar seriamente — preveniu Héloise.
Aceitando o conselho, Demi pegou um bronzeador e colocou seu
maiô preto. Levou também uma saída de banho para cobrir-se se fosse necessário.
Ela passou o bronzeador pelo corpo e deitou-se de costas,
tentando relaxar. Pouco depois já estava dormindo.
O toque suave de alguém mexendo em seus ombros a acordou, e
ela olhou sonolenta para Joe.
— Onde está Ashley? — perguntou, procurando pela francesa.
— Ela ainda está fazendo compras — respondeu Joe, com um tom
seco. — Eu me cansei e vim embora. Quando ela terminar, telefonará para que
François vá buscá-Ia. Eu preferi voltar para ver a minha linda esposa.
— Pare! — gritou Demi. — Só nós dois estamos aqui e não há
necessidade de encenação romântica.
Ele brincava com a alça do maiô, e ela se afastou irritada,
olhando-o furiosamente quando Joe recomeçou a falar:
— O que é isso? Alguma relíquia da época de estudante? Eu
não lhe disse para comprar algo mais moderno?
— O problema é meu se não quero me expor como sua
"amiguinha íntima" Ashley.
— É o que veremos!
Antes que ela pudesse adivinhar as intenções dele, Joe
pegou-a no colo, ignorando seus protestos. Levou-a para o quarto, onde a colocou
na cama e segurou-a com um braço, enquanto com o outro remexia nas compras que
ela deixara sobre a cama. Ele deu um sorriso irônico quando viu um pacote, onde
deveria estar o biquíni.
— Se não me engano, acho que aqui vou encontrar o que
procuro. Tia Marian deve ter seguido minhas instruções mesmo contra a sua
vontade.
Ele deu um sorriso de satisfação quando pegou o minúsculo
biquíni e isso deixou Demi furiosa.
— O que pretende fazer? Você está querendo me transformar
numa mulher vulgar?
Ela deveria ter mordido a língua quando disse isso;
entretanto, em vez de ficar zangado, Joe observou-a com sarcasmo.
— Isso nunca, querida. O que pretendo fazer, querida
puritana, é transformá-Ia numa mulher quente, vívida e adorável, que não se
envergonhe de sua sexualidade nem da minha apreciação.
Por um momento ele correu os olhos pelo corpo dela e Demi
tremeu quando Joe levantou-a, colocando-lhe o biquíni nas mãos, antes de abrir
a porta do banheiro.
— Você tem cinco minutos, enquanto eu fico de costas, para
colocar esse biquíni! Depois disso, se não estiver com ele, eu mesmo o
colocarei em você e garanto que vou adorar o passatempo.
Ela demorou quatro minutos e, quando estava pronta, pensou
que não conseguiria encarar Joe com aquela peça minúscula e sexy.
— Muito bem — disse ele, caminhando em direção à porta. —
Ótimo! — Novamente mediu-a de cima a baixo, aprovando o corpo esbelto. — Este
também tem laços!
— Não se atreva! — exclamou Demi, com ansiedade, recuando.
Ela não queria se olhar no espelho quando entrou no quarto,
porque já sabia que o biquíni era sumário demais.
Eles foram para o sol, e Demi deitou-se de costas, fechando
os olhos, decidida a ignorar o barulho da calça e da camisa de Ken sendo
jogadas no chão a seu lado.
— Você passa o bronzeador nas minhas costas? —perguntou ele.
Demi se virou e respondeu:
— Se você insiste, embora ache que não consiga fazê-lo com a
mesma habilidade que Ashley.
— Com ciúme?
— Claro que não! — Ela colocou o creme na palma das mãos e
massageou com firmeza as costas bronzeadas de Joe, tentando não ficar excitada
quando os músculos dele relaxavam sob seu toque.
— Hum... Agora nas minhas pernas — murmurou Joe.
Ela quis recusar, mas, em vez disso, colocou o creme sobre
as pernas de Joe, esfregando com mais força: Sabia que a intenção dele era
perturbá-Ia com a visão daquele corpo másculo, e o pior de tudo é que estava
conseguindo. Demi, porém, estava determinada a não demonstrar qualquer reação.
— O resto você pode fazer sozinho — disse ela, tampando o
pote.
Quando ele se levantou da espreguiçadeira e se deitou ao
lado dela, Demi começou a tremer.
— Um pouco forte demais, mas muito agradável. E agora,
querida, é a sua vez!
Como seria inútil protestar, ela nem tentou, procurando
ficar calma enquanto as mãos dele corriam pelo seu corpo.
Apenas uma vez, quando os dedos se aproximaram dos laços
provocantes que prendiam o biquíni, Demi se moveu, mas Joe a ignorou e
continuou:
— Aqui não — disse ele, quando ela o olhou. — Esse é um
prazer que quero reservar para mais tarde...
— Não haverá mais tarde! E por favor, pare de me machucar!
— Machucá-Ia? Pelo amor de Deus, Demi, às vezes você me
provoca, mas desta vez vou tentar ignorar.
— Uma briga de amantes! — exclamou Ashley.
Nenhum dos dois ouvira Ashley se aproximar. Ela olhou
docemente para Joe, embora não conseguisse esconder a raiva quando percebeu o
corpo bem-feito de Demi.
— Esta noite você precisa me levar ao cassino, chéri—pediu
ela a Joe. — Sinto que hoje é meu dia de sorte!
— Então iremos ao cassino — concordou Joe. — E levaremos
Marian conosco.
Ashley ficou emburrada.
— Tia Marian não gosta de cassinos.
— E acho melhor não contar comigo — disse Demi
descuidadamente. — Nicky...
— Ele ficará muito bem com Héloise — Joe falou, suave.
— Realmente, chéri! — interferiu Ashley com rispidez. — As
inglesas são estranhas! Eu jamais largaria meu marido por causa de um garoto!
— Nem mesmo quando esse garotinho é filho de seu marido? —
perguntou Demi calmamente e com um frio desprezo. — Por favor, me desculpem.
Nicky deve estar acordado e não quero que se sinta sozinho. Ele pode ficar
assustado.
Por um momento, ela pensou ver aprovação no olhar de Joe,
mas logo ele se virou para Louise, admirando-a. O que ele estava tentando
fazer? Provar que achava Ashley uma bonita mulher? Demi disse a si mesma que
não se importava, mas não era verdade; ela estava sofrendo, e muito.
Demi vestiu-se sem entusiasmo, olhando insegura para o seu
reflexo no espelho. Quando ela resolveu tirar o vestido preto, Joe entrou no
quarto.
— Não me diga que foi você quem escolheu! — exclamou ele,
com um sorriso.
Cheio de incerteza, Joe passou os dedos pelas flores de
cetim que ela havia colocado nos cabelos.
— Você não gostou? .
Ele a estudou criticamente antes de responder:
— Acho que qualquer homem adoraria.
O corpete fino moldava o busto. O tecido preto ficava
perfeito sobre a pele clara de Demi, e a cintura delgada destacava-se pela saia
rodada. .
— Eu ia ler um pouco para Nicky — disse ela, nervosa,
enquanto ele não desviava os olhos de seu corpo.
— Nicky tem sorte! Espere por mim, vou trocar de roupa e
poderemos descer juntos para o jantar.
Nicky arregalou os olhos quando a viu, e Demi riu quando ele
gostou do perfume que ela estava usando. Um dia ele seria tão másculo quanto o
pai e admiraria as mulheres bonitas, assim como Joe.
Nicky tinha acabado de dormir quando Joe entrou no quarto.
Ele estava vestido com traje a rigor, a calça preta e justa fazendo com que
parecesse mais alto, e a camisa branca e o paletó dando-lhe um toque de
elegância indiscutível. Ele beijou o filho, que o abraçou mesmo sonolento.
Nicky agora tinha um pai, e era impossível negar o grande
amor que um sentia pelo outro. Todas as frases que Nicky dizia pareciam começar
com as palavras "Papai disse". Seria fácil ficar com ciúme, admitiu
Demi, mas sentia-se aliviada ao ver que algo de bom tinha surgido desse
frustrado casamento.
Ao ver Demi, Ashley fez uma expressão que denotou inveja.
Ela estava usando um vestido vermelho de cetim, que salientava suas curvas
sensuais.
Como eles iam sair, Héloise preparou apenas uma refeição
leve. Estava deliciosa, e Demi tomou dois copos de vinho antes de perceber que
a haviam servido novamente. Não fiz bem em beber, refletiu ela um pouco tonta
ao se dirigir para o carro. Marian insistiu para que Ashley a acompanhasse em
outro carro, deixando Demi e Joe sozinhos.
Quando desceram pelo Grande Comiche, a cidade brilhava
abaixo deles, o azul-escuro do Mediterrâneo decorado com iates caríssimos que
eram adornados com luzes multicoloridas.
Joe estacionou junto ao porto, e eles passaram pelo
brilhante conjunto de embarcações antes de se afastarem da costa. Ele pegou' o
braço de Demi para conduzi-Ia pela rua. O leve contato provocou-lhe desejos
loucos e difíceis de serem sufocados.
O cassino estava barulhento e cheio de gente. Demi olhou as
mesas com espanto e aterrorizada só de pensar que alguém pudesse perder grandes
somas com tanto sangue-frio.
Ashley sorriu para ela com ar de superioridade. Ela e Marian
estavam esperando pelos dois no salão de recepção e, logo que entraram, Marian
foi vista por um grupo de velhos amigos que ficaram felizes em encontrá-Ia e
ansiosos para que ficasse na companhia deles.
— Você vai dançar comigo, não vai? — pediu Ashley a Joe. —
Nós sempre dançamos tão bem juntos... Como tudo o que fazemos... Que sintonia
perfeita, hein?
— Você está esquecendo que agora sou casado e devo dançar
apenas com minha esposa — disse Joe secamente.
Ele comprou um monte de fichas e deu algumas para Demi. Ela
seguiu as instruções dele cuidadosamente, mas logo a pequena pilha desapareceu.
— Você não é uma boa jogadora — comentou Ashley, com desdém.
— Deveria ter apostado tudo num único número.
— Demi é muito equilibrada para jogar tudo ou nada. — Seu
sorriso zombeteiro feriu Demi profundamente. — Mas estou tentando ensiná-Ia,
pacientemente...
Demi queria beber alguma coisa e, quando Joe se voltou para
chamar um garçom, eles foram separados pela multidão animada. Uma sensação de
pânico apoderou-se de Demi quando ela o procurou ansiosamente; as pessoas
pareciam pressioná-Ia tanto que ela chegou a sentir-se sufocada.
Finalmente pôde ver Joe. Ele estava de costas para ela, com
Ashley nos braços.
Quando ela conseguiu alcançá-Ios, o sorriso da morena era
triunfante.
— Eu quase caí, e Joe precisou me segurar, o que ele fez com
muita elegância — acrescentou ela, beijando Joe levemente nos lábios.
Algo explodiu dentro de Demi. Ela quase tinha sido esmagada
pela multidão, e Joe preocupou-se somente em evitar que Ashley caísse!
— Está muito abafado aqui dentro — disse ela friamente.
— Vou sair para tomar um pouco de ar. Encontrarei com você
no carro quando estiver pronto para irmos embora, Joe.
Demi saiu antes que qualquer um dos dois tivesse tempo de
falar.
Ela tentava conter as lágrimas com as mãos, procurando
respirar fundo aquele ar fresco e ouvindo o mar. Tinha acabado de atravessar a
rua quando Joe a segurou pelo braço.
— O que está acontecendo com você? — perguntou, com raiva. —
Sua tola! Nem mesmo olhou para atravessar a rua!
— Talvez eu esteja cansada de olhar — disse Demi, furiosa. —
Especialmente para você e Ashley. Por que você não volta para ela? Tenho
certeza de que ela conseguirá satisfazê-Io melhor do que eu em todos os
sentidos...
— Você está esquecendo apenas de que não foi ela quem gerou
meu filho — disse Joe suavemente.
— E é essa a única razão por termos casado! Desejo que você
se lembre disso e pare de me atormentar com esse amor fictício. Procure Ashley,
vamos! Tenho certeza de que ela ficará muito grata e satisfeita.
— Sei disso. Porém já tracei minha meta e não quero desistir
dela antes de alcançá-Ia.
Eles estavam perto do carro, e Joe abriu a porta. Demi
entrou, ignorando-o e amarrando o cinto de segurança.
A estrada íngreme conduzia para fora da cidade, deixando o
mar embaixo. O caminho estava deserto, e Joe de repente parou o carro.
— O que você está fazendo? — perguntou Demi, com frieza, quando
ele se aproximou.
Joe a abraçou, sufocando-a com violência. Depois, com a voz
muito seca, murmurou enigmaticamente:
— Apenas colocando em prática uma pequena teoria.
Os lábios dela se abriram com irritação, tremendo sob a
forte pressão daquela boca úmida. Mas Joe queria sentir toda a doçura daquele
beijo. Algo havia abalado o autocontrole de Demi. A cena do cassino a tinha
deixado insegura e desprotegida, e ela desejava ardentemente colocar os dedos
entre os cabelos dele e pedir-lhe que a levasse a um lugar onde nada existisse
além dos dois, onde pudesse esquecer que Joe realmente não a amava.
O beijo tomou-se mais apaixonado, e ela suspirou,
empurrando-o subitamente ao lembrar como ele havia segurado Ashley.
Joe a deixou e ligou o motor do carro. Demi não conseguia
decifrar a expressão que havia no rosto dele. Ela mesma estava desapontada?
Recusava-se a pensar nessa possibilidade! Era degradante querer ser possuída por
um homem que procurava apenas satisfazer os próprios instintos animais. Além
disso, talvez Ashley já o houvesse satisfeito plenamente.
Demi mal percebia o esplendor do ambiente. Eles estavam
voltando para a vila sozinhos e agora, embora fosse tarde, ela lamentava não
ter esperado pelas duas outras mulheres.
Joe brinca comigo o tempo todo, pensou com tristeza, e
talvez coloque em prática as ameaças só pelo prazer de me punir.
Na noite passada, após terem feito amor, ela havia
adormecido imediatamente; naquela noite, porém, deitada ao lado dele, ciente
daquela presença perturbadora, tinha certeza de que não conseguiria conciliar o
sono...
meu deus se voce nao postar hoje gatinha eu te mato ahaha perfeito o capitulo!!
ResponderExcluirWOW... perfeito... cada vez mais emocionante... posta logo ok
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